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Olhai as chamas do inferno


Há coisas que à primeira vista me fazem uma confusão dos diabos. Dos diabos mesmo porque neste caso concreto há quem goste de apregoar que todos devemos fazer por garantir um lugar no Céu mas, entretanto, goste de contemplar as chamas do Inferno.
Fiquei pasmado quando vi que as obras de restauro dos Clérigos têm uma tarja de protecção enorme com publicidade à cerveja Bohemia. Acho muito bem que o mecenato comece a funcionar, de algum modo, de forma a aliviar o já pesado erário público. Mas a razão da minha admiração teve a ver com o facto de tratar-se de uma bebida alcoólica, ainda para mais quando a imagem da mesma marca (Pierce Brosnan indissociável do agente 007) representa luxo, violência e uma certa perversão sexual, ou não fosse o homem um verdadeiro zezé camarinha com nível e com licença para matar.

Calma!, não me achem já um puritano e leiam tudo até ao fim.

A verdade é que há muita gente que até se identifique com esse estilo de vida (ou pelo menos anseiam-no secretamente...), tal como eu. Afinal, quem não gostaria de ter o passaporte tão carimbado como o James Bond e ter uma rodagem feminina, dentro dos seus padrões de exigência – obviamente... – como o famoso espião britânico? Mas uma coisa somos nós, meros pecadores e a léguas do tão merecido Céu e outra bastante diferente é as obras de restauro de uma igreja ser coberta em grande plano com o símbolo da – aos olhos do catolicismo – decadência cristã!

Muitos até podem dizer que não é a Igreja que explora os Clérigos mas sim a Câmara Municipal, como parece que é o caso, mas não deixa de ser uma igreja e, como tal, um local de culto, por isso, sagrado.
Sagrado, mas conspurcado com cerveja – ainda que a bebida tenha sido muito bem aperfeiçoada por monges medievais... – e com uma designação leviana: BOHEMIA. Pior não podia ser.

Não, peço desculpa. Pior pode ser, sim senhor. Imagino que para o orgulho portuense, pior do que uma cerveja patrocinar as obras dos Clérigos é o facto de ela ser de Lisboa. Sim, porque a Bohemia é da Sagres e no Porto, orgulhosamente, só se bebe Super Bock!

Mas seria impossível a Centralcer não aproveitar uma oportunidade desta envergadura e facturar em terreno inimigo (da Unicer). Estamos a falar do mais emblemático edifício da Invicta, bem no centro da cidade e com tarjas que se vêm até do Dragão! Mas que grande golpe publicitário.
Não podiam usar Luso ou Frisumo. Não! Isso seria muito soft. Com certeza que depois da Bohemia podemos ainda ver a Ivete Sangalo, em trajes bem baianos, a fazer publicidade à Chopp. Quentinho. A condizer com a temperatura do Inferno.

Olha o nosso molinho!


beijoca meu malandro

"mais uma prova de bom gosto" e está tudo dito!

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